"Quase todas as vezes que parto em uma viagem internacional, acabo conversando com alguém que se diz interessado em fazer o mesmo. As pessoas normalmente dizem algo como "Uau! Gostaria de poder fazer isso".
A realidade é a seguinte: sei que há muitas pessoas que não podem viajar ou fazer as mesmas escolhas que eu. Tendo morado nos países mais pobres do mundo durante quatro anos, conheço muitas dessas pessoas. No entanto, a maioria das pessoas com as quais interajo atualmente, bem como a maioria dos leitores deste livro, não pertence a esta categoria. As pessoas com as quais converso atualmente que me dizem que "gostariam" de poder fazer alguma coisa, mas se sentem incapazes, normalmente, fizeram inúmeras escolhas que as impedem de fazer o que desejam. Elas escolheram priorizar outras coisas em detrimento do que afirmam desejar.
Notei que algumas delas podem até parecer um pouco ressentidas com as pessoas que escolhem avançar por um caminho diferente.
Quando me ofereci para ajudar uma amiga a planejar sua viagem à Europa, ela aceitou com entusiasmo. Mas depois ela disse: "Sabe, nem todo mundo pode simplesmente largar tudo e viajar pelo mundo como você". Eu dei de ombros e ajudei mesmo assim, mas continuei incomodado com o que ela disse. Pensando a respeito, percebi que a observação refletia uma forma comum de inveja. Aquela amiga ganhava mais de 6,5 mil dólares por mês e, certamente, teria condições de ir aonde quisesse, mas viajar não era uma prioridade para ela.
À medida que fizer cada vez mais escolhas próprias, você deparará com feedbacks como esse com mais frequência. Muitas pessoas não se sentem à vontade com a mudança e ideias diferentes. Elas farão de tudo para racionalizar as próprias escolhas quando encontram alguém que escolheu coisas diferentes. Não estou dizendo que as pessoas não deveriam priorizar o trabalho em um escritório ou a decoração da casa, só estou sugerindo que ela reconheçam abertamente que essa é a prioridade para elas.
("O Poder dos Inquietos - A Arte da Não-Conformidade", Chris Guillebeau).
Os grifos são meus.
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Coincidindo com o que publiquei há alguns dias, sobre tradições, encontrei esse livro na Saraiva antes de partir para minha pequena aventura copeira em Cuiabá.
Li a orelha e a contra-capa e foi o suficiente para entender que era um livro para mim (não-conformidade, me chamou?). Não por acaso, consumi as pouco mais de 200 páginas em um fim de semana.
A mensagem é muito próxima daquela que eu quis passar com meu texto anterior: cada um deve decidir como viver, sem se importar se é "convencional" ou "diferente".
A leitura é muito voltada para os questionadores de "tudo que está aí", mas não vejo isso como um pré-requisito para a leitura pois, durante todo o livro, o autor reforça que cada um deve buscar sua própria receita de felicidade sem se preocupar com opiniões alheias - a questão aqui é que as opiniões do mundo costumam ser muito mais ácidas quando a pessoa se desvia do "tradicional", portanto entendo o foco do livro.
Ainda assim, recomendo a leitura a todos, pois qualquer um de nós que está respirando nesse momento tem sonhos e pode estar buscando por um conselho amigo que os ajude a persegui-los.
Você realmente está priorizando o que deseja? Talvez descubra que não.
Você realmente está priorizando o que deseja? Talvez descubra que não.
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