09 março 2008

Moça quase esperta

Antes de assistir ao filme, li uma declaração de Ellen Page, atriz que faz o papel de Juno, dizendo que havia algumas semelhanças entre ela e a personagem, e que, além disso, a maioria das amigas adolescentes dela foram iguais.
Evidente que Ellen deve ser uma pessoa diferenciada, que atraía amigos semelhantes. Porque Juno possui uma característica essencial, que a distingue das demais moças de sua idade : aos 16 anos, não é tão idiota como deveria.
Idiotice aos 16 anos é normalíssimo. Estranho é o oposto : tiradas espertas, atitudes genuínas (não aquelas coisas que você faz para provar "não-sei-o-quê" ao mundo), poder de decisão, cultura pop, isso tudo convivendo com a confusão da adolescência e os hormônios borbulhando.
Pois sim, foram os tais hormônios que falaram mais alto. Nenhuma inteligência é capaz de salvar os adolescentes da vontade de experimentar. Conforme ficamos mais velhos, não perdemos a vontade, mas temos mais medo, talvez porque haja muito mais em jogo.
Diante desta situação, 16-anos-primeiro-colegial-grávida-do-melhor-amigo, Juno assume o comando. Tendo o respaldo familiar, de seu próprio país e sociedade, que oferece às mulheres a opção de ter ou não ter filhos a hora que bem entenderem, Juno tenta lidar com a situação com a visão simplista da menina que toca gaita e tem um telefone em forma de hamburguer. E diante dos "adultos", tanto os solícitos como os maldosos, só dá ela.
Há de se ressaltar as diferenças entre EUA e Brasil. Aqui, uma adolescente grávida ainda é muito visto como uma afronta à "moral e bons costumes", quando deveria ser apenas uma questão de educação e saúde pública. Mas quem liga para educação, saúde e demais supérfluos? O importante é que somos o país do Carnaval. Uhu.
Uma história bonita que vale a pena ser vista, não só por causa da protagonista, mas também pelos demais : a madrasta de Juno, ajudando-a pro que der e vier, o pai do bebê, meio nerd, meio deslocado, e por isso mesmo, um doce de menino. Pela mãe adotiva, a mãe que nasceu para isso, que mal pode esperar para cuidar de sua criança, pelo pai adotivo que ainda está relutante e acha que 1993 foi o melhor ano do rock (grunge?).
Mais uma história de adolescente grávida? Não, só uma história de como crescer. That's how people grow up, Juno.

3 comentários:

Semiramis Moreira disse...

e eu acabei vendo o filme, no Espaço Unibanco...

Alexandre disse...

Eu gostei do filme tb, em especial da atuação dessa mocinha Ellen e da trilha sonora. :)

Cristina disse...

Eu achava que tinha gostado desse filme, agora nem sei mais...
Mas o seu texto está ótimo! ;]

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