29 outubro 2007

Dia de flores

Bom dia.
Perder noites não é nada fácil. Subir a serra, ficar em um show das 19 h de domingo às 05 da manhã de segunda - sorte minha que estou de férias - tendo que guardar as energias para o último show, não é moleza.
Mas eu estava na chuva para me molhar. Chuva que não veio, ainda bem.
Desta vez decidimos investir no nosso bem-estar e fomos de área VIP. Pulseirinha, puffs, sofás, creminhos no banheiro limpo, espaço e, porque não dizer, dignidade. Até me senti mais gente. Tudo bem que, depois de horas em pé, pulando e se esgoelando, você volta a ser o velho trapo humano da área "não-vip"... Sem problemas. Era dia de flores.
Tudo começou com o Spank Rock, que não é rock, é funk carioca em inglês. O vocalista é uma mistura de Matias (Tropa de Elite) + Vera Verão + Lacraia. A moça é a Fernanda Abreu cover. Um dos percussionistas lembra o Falcão do Rappa. E dá-lhe chão, chão, chão pra galera. Ponto alto do show : três integrantes do grupo fazendo mosh. Gente boa, esses caras. Era só diversão.
Veio o Hot Chip, que eu nem conhecia também, com um som meio repetitivo que, em alguns momentos, me fez sentir em uma rave. O vocalista era o "irmão" do Chester Bennington, do Linkin Park. Show rapidíssimo, que só hoje descobri que foi interrompido por problemas no som. Jura? Ninguém notou. Mais de 30 minutos depois eles voltaram, no que ficou conhecido como "a volta para o bis mais demorada da história". Gente boa, mas não fizeram mosh. Frouxos!
Agora eu estava apreensiva. Era hora da Bjork (preguiça do trema...). Eu só tinha ouvido umas duas músicas, conhecia a figura por ser, bem, uma figura, uma louca que grita coisas mais loucas ainda. Vamos ver qual é a dela.
Um palco cheio de bandeiras com animais, partes do corpo e outras coisas que não compreendi. Demorou um tempão para ser montado. Antes da figurinha islandesa entrar, meus amigos e eu especulamos sobre seus trajes. No RJ ela tinha aparecido de amarelo gema-de-ovo e dourado. Eu apostei no rosa-shock. Minha amiga, no roxo. Meu amigo, no verde.
E não é que ela me aparece com uma roupa multi-colorida e uma saia simulando um arco-íris? Uma fanfarrona, essa Bjork.
Confesso que minha inteligência não abrange o som que ela faz. Não recomendo alguém que não conhece ir a um show para tentar fazê-lo. Vai chegar com uma dúvida e sair com 10. Aproveitei este momento confuso para circular na área VIP, sentar, matar a sede, ver famosos, enfim, aproveitar.
Dos famosos, sem dúvida, dois momentos TOP :
- Álvaro Pereira Júnior e Lúcio Ribeiro juntos e bem próximos de nós. Quem gosta de ler críticas músicais já me entendeu. Pelo menos vou poder ler uma coluna do Lúcio sem sentir inveja dele. Desta vez eu VI o show que ele viu.
- E o momento máximo : Foguinho e Xica da Silva, com a segurança pessoal feita pelo Capitão Nascimento. Pegou um, pegou geral e também vai pegar você.
Depois daquela experiência assutadora que foi a Dona Bjork, aguardamos o Juliette and The Licks. Para minha surpresa, Juliette bebeu o mesmo chá de fita da Bjork e veio doidona. Algumas vezes eu achei que ela ia quebrar no meio ou ficar congelada em uma posição e não conseguir sair mais. Que nada, a moça é preparada. Som pesadão, que empolga, banda competente. Devo dizer que o momento em que todos os componentes da banda resolveram tocar sem camisa me desviaram um pouco da análise musical. Estão todos contratados. Dia de flores.
O público maior era para ver os Arctic Monkeys - não, não era para ver o The Killers. Com o carisma de uma samambaia murcha, Alex Turner chegou com um cabelinho horrível e mandou ver com a sua turma. Sem frescura, no melhor estilo "senta o dedo nessa porra". Rock puro (qual deles?), show muito legal. Simples, diretos e mandando muito bem. Gosto mais deles agora.
Mas era dia de flores.
A decoração do palco do Killers era composta de luzes de Natal e flores, muitas flores. Além de algumas plantas e o letreiro brilhante de "Sam's Town" ao fundo. (Descobri assistindo CSI que "Sam's Town" é um cassino de Las Vegas. Preciso conhecer esta cidade).
Imaginei se ele ia dar uma de Roberto Carlos e jogar estas flores para a galera. Seria uma graça.
Flowers e sua banda começam e agora eu percebi porque estava ali. Esperando apenas. Por eles.
Brandon tem uma energia imensa, comandou a platéia como um maestro e teve a companhia dos cansados, porém ardorosos fãs em todos os seus hits. Não sei se é aquele bigodinho (agora é barba), mas ele volta e meia, indo de um lado ao outro do palco, subindo nas caixas, me lembrava Freddie. Outros dizem que ele é o novo Bono. Não gosto de comparações.
Ele é só o cara que me fez cantar "Bones" a plenos pulmões. Que me fez pular - mesmo arrasada pela dor nos pés - em "Somebody Told Me". Que me emocionou em "Bling". Que encerrou um show lindo com "All These Things That I've Done". É o líder da banda que pode ser o que quiser no futuro. Tem o sucesso, o talento e a música em suas mãos.
Eu acredito que a prova final para saber se você gosta de uma banda é vê-la ao vivo. Adoro Killers, eles são demais, onde eu assino?
Brandon é só o cara que me deu flores e fez meu dia amanhecer como nunca.



As flores de Brandon Flowers.

3 comentários:

Semiramis Moreira disse...

"I see London, I see Sam's Town
holds my hand and let's my hair down
Rolls that world right off my shoulder
I see London, I see Sam's Town
No!"

Foi DEMAIS!

Alexandre disse...

do que eu ando vendo/lendo/ouvindo sobre o Killers por aí, eles estão pra despontar como uma "super-banda".. coisa meio rara nessa década no mundo do rock and roll, cheia da bandinhas indies "fogo de palha".. eu gosto do som deles tb, apesar de conhecer só o primeiro disco (aliás, acho q vou aproveitar pra "adquirir" o 2ª, já q estou na banda larga hj).. talvez o tal do Flowers esteja buscando ser isso mesmo, um mix do Mercury com o Bono, o que não é algo ruim para os tempos atuais. :)

Cristina disse...

Deve ter sido coisa linda de Deus esse show do Killers. Eu teria ido, se não fosse o preço e se não tivesse que aturar Björk e AM e etc antes.

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