22 abril 2012

Bob Dylan e o que será de nós

Ok, não foi por minha iniciativa que comprei o ingresso para ver o-homem-o-mito-a-lenda Bob Dylan. Mas é o tipo de convite que não se pode recusar. Não é como te chamarem pra ir na padoca comprar 3 médias* e você responder “ah, não vou, tô cansada”, é o Bob Dylan, caramba! (Pesou o fato de ser um sábado, faciltando a vida caiçara, devo acrescentar).

Bem, o véio tem músicas sensacionais e uma banda excelente. Entra, não dá um “oi”, sai mostrando seus clássicos – a um certo ponto da vida desses caras, tudo o que eles fazem é clássico – e a plateia enlouquece. Ele ainda canta? Nada, nada. Ele declama a música, em uma versão exclusiva pra quem foi vê-lo.

E você acha que alguém se importa?

A sensação que tive durante todo o show é que não havia nenhum aventureiro no público. Todo mundo sabia exatamente o que esperar, portanto o risco de decepção era zero. Eu, que gosto de ir a shows, sei muito bem o que é aquele povo que vai porque o pai pagou o ingresso, porque ganhou do patrocinador, porque não tinha nada melhor pra fazer sábado à noite, e infelizmente, na maioria das vezes, não sabe apreciar o que está se passando. É o tipo de gente que degrada o clima. Não deveriam estar ali. (Se você faz isso, MORRA).

Ninguém ousou se aventurar com Bob Dylan. Ele nos tratou bem e foi tratado com a reverência que merece, tanto por mim, admiradora tardia, como por quem o escuta desde a juventude.

E ao final do show, a minha dúvida: o que será da música quando todas essas lendas se forem? Ninguém está ficando mais novo. Todos irão. E nós ficaremos, com o mico na mão, órfãos, talvez fazendo outra coisa para nos distrair de nossas rotinas chatas, que não seja ouvir música. Ou desempoeirando coisas velhas, na mídia que for, relembrando o que era bom.

Porque não teremos mais do que gostar e pior, no que nos inspirar. Será?

How does it feel to be on your own?

* pra quem não é da Baixada Santista, média aqui é um pão francês. E pão francês é o que em muitos lugares se chama de “pão de sal”.

2 comentários:

Isa disse...

acabei de escrever sobre a minha experiência no show. ele é meu cantor favorito, fui no outro, em 2009, e quase morri :)

também penso nisso: cadê as novas lendas?

Cecilia disse...

Concordo plenamente com esse tipo de gente que vai a show como se fosse um evento qualquer. Ódio eterno. Sofri com um grupo dessa laia no show do Paul McCartney, e por um momento pensei que fosse sair briga. Logo eu, que sou pacifica. Mas né, mexe com minha mãe, mas não mexe com meu show.

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