03 outubro 2011

Buenos Aires

Juro que queria começar este post com “aceptamos reales”, porque é uma frase que define bem o que um brasileiro sente por aqui.

Sempre houve uma fama no Brasil, não sei se justa, de que os argentinos carregavam uma certa arrogância em relação ao seus vizinhos. Como se não pertencessem ao terceiro mundo sul-americano (= pobres). Lembro vagamente de algo nesse sentido na época da dolarização da economia hermana, mas não posso afirmar.  Enfim, se isso existiu um dia, não sei, mas estou certa que já não há mais, ou se há, está escondido num orgulho passado. Até porque, dada a situação atual do país e a integração dos países do Mercosul, não faria mais sentido (seria até burrice).

Buenos Aires é uma cidade muito bonita, sem dúvida, mas é como se fosse uma casa maravilhosa com a fachada toda cheia de pixações – o que realmente se vê pelas ruas. A beleza está aí, mas algo foi perdido, de forma traumática depois de tantas crises econômicas e políticas. Hoje, não há alternativa. “Aceitamos reais” e é isso aí.

Brasileiro aqui é como mato, cresce, aparece e surge em todo lugar. Sempre comprando e usando os casacos que juntam mofo no guarda-roupa do Brasil (me incluo nessa). Exibindo para lá e pra cá suas notas de 100 pesos. Pode parecer implicância minha, deve ser, mas me parece que a arrogância mudou de lado. #classemedianãosofre.

Vender é a palavra de ordem, e o pessoal daqui sabe direitinho que é “brasilero” (com sotaque). Continuo tentando me virar em espanhol básico e eles entendem. O auge foi discutir rapidamente sobre as eleições argentinas, que serão em 23/10, com o taxista, e ele : “você é brasileira mas eu te entendo bem, tem alguns compatriotas seus que não entendo nada”. Ah, eu sei bem, é o pessoal do “pierto”.

Estou aqui escrevendo sobre impressões e não falo nada sobre a cidade? O que eu digo: venha, quando puder. E volte. Não é à toa que a cada feriado prolongado, este é um dos destinos mais concorridos. A cidade é uma delícia, charmosa, bela, mesmo que usando um salto mais baixo que em outros carnavais. Creio que ainda dá de 10 a 0 na maioria das cidades grandes brasileiras.

Fora que, alfajor de todos os tipos em cada esquina, é muito AMOR. Não se limitem ao Havanna, tem outras marcas mais baratas e tão gostosas quanto.

E claro, veja um show de tango. Mais do que a dança (complexa demais), a música tocada ao vivo é realmente muito boa.

2 comentários:

Manoel disse...

Perfeito o post, concordo com tudo o que vc disse e não vejo a hora de voltar lá também! Onde vc viu o show tango, lá no Caminito? E no Cemitério da Recoleta, já foi?

Bjos

Aline-NC disse...

Fui na Recoleta sim ver a dona Eva né? Hehehe...
O show vi numa casa fechada chamada La Ventana, que incluia jantar com entrada/prato/postre AND vinho a vontade... Foi nesse dia que voltei falando de eleições com o taxista, pense... hahahaha

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