A escolha

Eis que estava a moça com ar perdido, em um canto daquele recinto, quase escondida, admirando seus alvos à distância.
Havia três deles : o da direita parecia sério. Roupas escuras e formais, pose respeitosa. Tamanho mediano. Com certeza era o mais velho dos três. Não devia ser lá muito divertido, apenas interessante.
O do meio era um tanto cheinho. Gordinho, admita-se. Vestia roupas chamativas, cores berrantes. Do tipo que causa certos constrangimentos, ainda que não intencionais. Devia ser engraçado.
O da esquerda era magricelo e pequeno. Vestia-se com discrição. Parecia tão comum, mas foi o que mais chamou a atenção da moça. Meio certinho, um quê de diferente, talvez guardando o melhor para quem resolvesse conhecê-lo de perto.
A moça não teve dúvidas. Saiu decidida de seu canto e, entre uma biografia em capa dura dos últimos presidentes americanos, um livro de histórias femininas e um gibi da Mônica, ela levou este último para casa, tirando-o da estante da livraria num gesto rápido. "Tem o tamanho certo para levar na bolsa e não vai dar tempo de enjoar dele", pensou sorrindo, ao entregar R$ 4,45 em trocados ao caixa.