23 fevereiro 2008

Monotemáticos

Ah... os monotemáticos.

Não são pessoas burras, chatas, incapazes. Eu diria que são vítimas. São aprisionadas pela força que um determinado assunto exerce, não conseguindo escapar dele e falar de outra coisa. Te encontram na rua, trabalham, saem com você. Diferentes ambientes, diferentes momentos, mesmo tema.
Algumas espécies :

1. O operário-padrão.
Seu nome é trabalho, sobrenome hora-extra, nome do meio empresa.
Este indivíduo só consegue trocar palavras sobre sua atividade, o que faz para ganhar a vida. De início, é encantador observar que realmente existem pessoas que amam o trabalho. Você até se pergunta qual o segredo para se chegar a este patamar. Escolher bem a profissão no vestibular? Empenhar-se, não importa a função? Dedicação total? Você pensa, reflete, pensa mais e o sujeito ainda está falando do tal trabalho. É neste ponto que você abandona as reflexões e conclui que ele é apenas mais um bitolado sem vida social.

2. As moças fúteis.
Daí que ela foi ao shopping, comprou um vestido, saiu à noite e beijou o moço A. Daí que ela comprou um sapato lindo para combinar com o vestido, saiu à tarde e beijou o moço B. Daí que ela está em dúvida entre o vestido e a calça jeans, o moço A e o moço B. Debater nossas dúvidas femininas é fascinante, mas falar apenas disto enjoa. Muito. Quando não estão comprando e beijando, estas moças devem ser quase mortas-vivas. Diga que o sapato é lindo e que ela deve investir no moço A.

3. As mães-fanáticas.
Ok, estou em terreno perigoso agora. Não vou discutir os benefícios e encantos da maternidade, as transformações que causam nas pessoas, especialmente na mulher. Isto é fato provado e inquestionável. Nem vou argumentar contra a mãe hipnotizada pelos primeiros passos do bebê, os dentinhos, as palavrinhas, as graças, e porque não, os choros e as travessuras. Para não ser chamada de insensível, só vou dizer : mãe é mulher, mulher é ser humano, que lida com outros seres humanos, que nem sempre são mulheres ou mães. Não apague o brilho que a maternidade trouxe sendo uma mãezona-chata-fanática-repetitiva.

4. Os consumidores.
Sabe a câmera do momento? Comprei. A roupa da moda? Já tenho. O carro do ano? Ih, você está por fora. Eu já tenho o modelo 2009. Eles estão na crista da onda do consumo e fazem questão de te dizer isso. A toda hora. Não há nada que eles não tenham ou irão ter, desde que esteja em voga. Ainda que ele não precise de tudo isto e que mal saiba utilizar os recursos avançados de certos produtos, ele vai te contar os detalhes de todos eles. Bocejar e mudar de assunto costuma intimidá-los.

5. Os sérios.
Eles podem até ser sua referência cultural-político-econômica, são em geral chiques, têm porte, boa dicção, fluência no discurso. Mas são incapazes de sorrir. De falar besteiras. De contar uma piada que seja, nem aquelas dos pontinhos. Só falam de assuntos sérios. Eles nem chegam a ser monotemáticos... eu diria que são algo como "monoclimáticos".
Fazem com que você se sinta um ignorante, tantos são os seus conhecimentos. Exibem uma cara de nojo quando falam do BBB, da vida dos famosos, dos operários-padrão, das moças fúteis, da mães-fanáticas, dos consumidores. Pensando bem... estes sim, são burros, chatos, incapazes. Dispense da sua vida. Ele vai arrumar alguém sério com quem conversar.



Uma campanha pela variedade.
(A foto é minha mesmo).

4 comentários:

Alexandre disse...

Eu não sei se é pq eu sou um ser com tendências socialistas, mas eu acho os "consumidores" o pior tipo. Apesar que as moças fúteis tb são difíceis de aturar, ainda mais sendo homem. (rs)

Semiramis Moreira disse...

não sei em que grupo me encaixo...

Aline-NC disse...

Sammy, vc se encaixa nos "muito legais", aqueles que se parecem comigo... hehehehehe... (momento marrenta!)

Semiramis Moreira disse...

Sorry, é q vc não colocou esse grupo no post...

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