14 dezembro 2007

Não precisa...

Faz muito, muito tempo, eu tento bolar um texto para pôr aqui, falando de solidão. Seria algo meio panfletário, vendendo o lado bom de estar em sua própria companhia, em ter momentos exclusivos para si, em não ter que dividir certas formalidades e obrigações com ninguém.
De alguma forma inteligente e discreta, eu tentaria varrer para baixo do tapete a parte ruim da história. Este lado desagradável todo mundo conhece, não vou perder tempo descrevendo detalhes óbvios.
Mas o mundo vive querendo nos pregar pegadinhas. A gente cai nelas, volta e meia.
Uma das melhores é uma estranha mania que temos de sempre querer justificar certas escolhas - nossas ou da vida. Apresentar algum tipo de documento autenticado em cartório, em 3 vias, de que somos felizes ou infelizes do jeito que somos.
A verdade é que eu estou pouquíssimo a fim de falar de solidão. De forma inconsciente, eu talvez sinta necessidade de falar sobre o assunto, porque é assim que o mundo me vê. De dar alguma justificativa, de tranquilizar as pessoas que se preocupam comigo ou estão apenas curiosas.
Não precisa... Existem coisas mais interessantes a dizer aqui. Se não interessarem, pelo menos eu tento fazer com que sejam divertidas...
Afinal, se você faz alguém feliz, mesmo que por alguns instantes, não pode dizer que está sozinho.




Arlequim e Pierrot, André Derain, 1924.

2 comentários:

Cristina disse...

A nossa melhor companhia deveria ser a de nós mesmos, não é? Aí ninguém nunca reclamaria de solidão.
Gostei do seu texto :]

Alexandre disse...

não acho ruim nem perda de tempo falar sobre isso.. aliás, acho um dos grandes desafios de qualquer pessoa normal lidar com a questão.. até pq, qndo nós chegarmos no extremo e tudo estiver próximo do fim, é com ela que a gente vai conversar. :)

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