21 abril 2007

Ligue 9 - Girls just want to have fun... and love?

Nossa, nem me lembro da última vez que saí para uma baladinha noturna. Só tenho ido à barzinhos, cinema, visitar amigos, coisas light. Mas hoje não. Hoje é para caprichar. Chegar em casa com o pão e o leite, beber e ver o mundo girar, ficar com o cabelo "cheirando" a cigarros variados.
Estava observando as expressões de desgosto de minha pobre amiga Amélia, que ficou presa ao celular com um rapaz, o Nilson. Uma graça, ele. Sempre que elogio o moço, a Amélia rebate com 4 pedras na mão : "Fica com ele então, porra! Leva esse encosto!".
Não adianta, quando a gente não gosta, não gosta. Mas o Nilson não entendia de jeito nenhum...
- Amélia, querida, a gente precisa marcar um encontro aqui em casa, comprar umas brejas, uns petiscos... É só combinar que os véios liberam numa boa.
- Sim, claro, Nilson, é só agitar com o pessoal que eu vou.
- Ah, mas se o pessoal não puder vir, você pode passar aqui a qualquer dia, qualquer hora, ok?
- Aham... Nilson, preciso desligar, estou saindo com a Fulana agora. Até mais!
- Vão aonde? Algum barzinho? Posso ir junto?
- Na verdade, vamos encontrar uns amigos dela na balada, parece que um deles quer me conhecer, sabe?
- Ah... Então, tchau.

- Putaqueoparééééééééu!!!! Fulana, achei que ele não ia desligar nunca! Ele é gente boa, mas tem horas que me enche tanto os pacovás que dá vontade de mandar...
- Hahahahahahaha!! Não te entendo, Amélia! Você não diz que ele é legal, simpático, gosta de você... Dá uma chance pro moço!
- Fulana, já foi hoje? Então vai!
- Calma, amiga, não fica brava. Cada um tem o encosto que merece!! Hahahahahaha!
- Isso, vai tirando sarro... Olha, esta história de você me apresentar um amigo bem que poderia ser verdade. Depois o mala-sem-alça vai ficar sondando para ver se fiquei com o tal carinha.
- Não sei do que tanto você reclama! Pelo menos alguém sente ciúmes de você. Te liga, se importa, se interessa...
- Aff!! Mas desse jeito eu não quero não! Prefiro ficar sozinha, sola, alone, alleine!

Não era verdade. A Amélia não pensava assim. Ela não preferia ficar sozinha. Só queria gostar de alguém que gostasse dela, via de mão dupla. É o que todo mundo quer, eu acho.
A balada estava muito legal. Cheia na medida certa, bebida boa, música bacana, meus amigos lá. Senti que iria me divertir muito naquela noite.
Eu, Amélia e nossos amigos estávamos nos esbaldando na pista de dança, quando ouvimos uma confusão vinda do bar. Algum bêbado tumultuava e fazia escândalo. Bêbado é uma merda.
Pelo que pude ouvir, ele chorava por causa da namorada. Ou ex-namorada, já que parece que a moça havia posto um par de chifres em sua testa. Ê tristeza...
No entanto, havia algo familiar naquele bêbado. Eu conhecia aquela voz, apesar de nunca tê-la ouvido chorosa. Olhando mais atentamente, conhecia aquele rosto. O bebum traído era...
- Arlindo!
Quando dei por mim, estava mais próxima dele que imaginava. Ele me reconheceu e, pela vergonha de perceber um rosto conhecido, acalmou-se um pouco. Mas continuou a proporcionar seu espetáculo.

- Fulaaana, zuzo bein? Vozê ouviu eu, né? A Paula me draiu, aquela fiadaputa, e eu peguei os doiz zafado no fraga. Foi um gastigu pá mim. Eu num dei valor pá quem gostava di mim. Fiquei cum medo de cabar cum namoro zó pruque faz ano que tava junto. Num inxerguei que vozê é o amô da minha vida, Fulana! Amu vozê!!

Eu estava tentando traduzir a começo daquelas frases doidas de Arlindo, quando ele me agarrou, com a força que só os embriagados têm, e me deu um beijo...
(Sim, sim, finalmente !! Era isso que eu sempre quis!)
Mas como diria Amélia, não daquele jeito!
Nós, seres humanos, em especial as moças, somos muito abusadas. Pedimos as coisas, e quando as conseguimos, ainda queremos exigir que elas venham de um modo perfeito, como para Cinderela.
Arlindo me apertava com tanta força e estava quase me matando sufocada. Desvencilhei-me dele, que ficou gritando por mim. Não vi outra solução senão ir embora. Amélia percebeu que eu estava perturbada, com raiva e... radiante.

- Ai amiga... Não foi do jeito que você queria, mas de uma vez por todas, FOI !!!
- Pois é, eu nem sei o que fazer, o que dizer... Mas amanhã este FDP nem vai se lembrar do que aconteceu!
- Que nada! Essa história de bêbado que esquece é lenda! Quer dizer, às vezes é verdade... Eu juro que naquele show na praia eu esqueci mesmo e...
- Entendi, Amélia! Vamos embora, vai que esse louco resolve vir atrás de mim.
- Fulaaaaaanaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!
Arlindo resolveu ir atrás de mim.
- E agora? Finjo que não é comigo?
- Sei lá!! Cada um tem o encosto que merece! Hahahahahaa!
(Caramba, que hora pra essa cretina ser vingativa!)

- Fulaaaaanaaaaa, vozê vai embora, maiz eu vou te ligá. Eu vou atraiz de vozê. Num vô deixar vozê fugi di mim. Fulanaaaaa meu amoooooooooooor! Eu vô te ligá até vozê mi atendê. Óia gente, zeis tão vendu aquela moza ali, é o meu amô! Lindaaaaa, nóiz vai ficá junto pá sempe!

Cheguei em casa e fiquei com a voz daquele bebum ecoando na cabeça.
Será que eu deveria levar aquilo a sério?
Resolvi não pensar mais e dormir. Sorrindo e sussurrando...

"That's all they really want
Some fun
When the working day is done
Oh girls... they wanna have fun
Oh girls just wanna have fun..."

(E para evitar sustos noturnos, desliguei o celular).

2 comentários:

Semiramis Moreira disse...

Coitado do Arlindo Chifronésio da Silva, mal sabia ele... hehehehe

Aline-NC disse...

Todo castigo pra corno é pouco !!

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