19 novembro 2012

Será que sou viciada em internet? E agora?

Encerrada minha leitura de “O Blackberry de Hamlet – filosofia prática para viver bem na era digital”, muitas lições para pôr em prática e um medo dissipado. Que nem era tão medo assim.

Não, não sou viciada em internet.

A vida em rede é algo novo, muito novo, mal completou algumas décadas. E estamos nos adaptando. Todas as reações, do exagero à repulsa, fazem parte de nossas tentativas de encaixar essa novidade em nossa vida e, porque não, encaixar nossa vida no que o novo mundo oferece.

Resumindo uma das conclusões do livro: compartilhar e absorver informação na internet só faz sentido se houver momentos de afastamento, que gerem acontecimentos felizes, profundos e que fazem a vida valer a pena – e que são agradáveis de compartilhar, das diversas formas existentes atualmente.

O autor exemplifica comentando que, certa vez, quando ele estava indo a caminho da casa de sua mãe, ligou para ela, via celular. Depois daqueles minutos de conversa trivial “filho, que bom que você está vindo, a que horas chega etc”, o celular é desligado e o autor, retornando ao volante, se vê invadido por dezenas de lembranças de sua infância e adolescência, da convivência com os pais, da casa onde moraram. A tecnologia os aproximou por alguns minutos, de uma forma inimaginável há 20 anos. Desligá-la, no entanto, os uniu ainda mais profundamente, e nada os uniria mais, ao final, que encontrar-se em pessoa.

O livro também passeia por vários momentos na história em que novas tecnologias assustaram as pessoas ao ponto de pensarem que a humanidade estaria acabada – já ouviu falar algo assim dos pobres computadores, redes sociais, celulares? Pois é. A invenção da escrita, da imprensa e até do telegrama, todas foram consideradas terríveis ameaças à vida em sociedade da forma que era. Imagine que qualquer um poderia, por exemplo, escrever e imprimir livros, espalhando ideias que não deveriam ser lidas por aí (um espécie de “maldita inclusão digital” do século XV)? E as dezenas de telegramas que as pessoas recebiam diariamente, o que iriam mais fazer além de ficar lendo tudo aquilo (o pai do e-mail, do SMS, mensagens instantâneas)?

Além disso, existem as delicadezas sentimentais da convivência humana – “me olhe os olhos quando estiver falando com você, ou dá atenção ao celular ou fala comigo, pare de curtir o comentário dos outros, estamos no bar”. Calma, gente, tudo é adaptação. Pessoas carentes sempre serão carentes, querendo que você olhe hipnotizado para elas enquanto falam. Pessoas dispersivas sempre serão dispersivas, querendo fazer tudo ao mesmo tempo agora, inclusive conversando com você. Palavra de quem estudava para a prova, via TV, ouvia música e lia o gibi da Mônica ao mesmo tempo – eu, uma dispersiva desde sempre.

Superconexão e zero de conexão são os extremos, mas também são maneiras de lidar com as estas novidades tecnológicas. Na minha opinião, como em quase tudo na vida, não há certo e errado. Há o que é mais adequado para cada um. E se achar o dono da verdade foi, é e sempre será uma gafe – analógica ou digital.

Boa adaptação para nós.

Mais dois minutinhos e eu desligo…

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