25 novembro 2008

Ela decidiu

E um dia ela acordou e percebeu que algumas coisas haviam mudado definitivamente.
Era domingo nublado, dia de esportes na TV e pouca gente nas ruas, ao menos pela manhã. A noite de sono fora tranquila, reconfortante, daquelas que revigoram de qualquer cansaço. Deliciosas dez horas seguidas de sono feliz.
Não foi uma ou duas, foram incontáveis ligações, sucessivos e-mails enviados e respondidos de bate-pronto, à procura de uma companhia para o cinema de sábado à noite. Pareceu-lhe, às vezes, estar em uma daquelas salas de bate-papo virtual, porém, na sala falavam do amarelo, enquanto ela queria discutir sobre o azul.
Foi uma batelada de "nãos", seguidos das mais variadas justificativas. Difícil saber o que está por trás de um "não" falado ou escrito. "Não" pode ser falta de vontade, pode ser implicância pessoal, pode ser um lamento por não poder sair, pode ser um orgulho por ter coisa mais importante a fazer. E pode ser apenas "não". No entanto, quando se busca companhia, "não" nunca é simples. "Não" é a livre interpretação do ouvinte.
Em uma noite normal, todos os "nãos" seriam guardados com ressentimento, entendidos como rejeição ou desprezo por ela, aquela figura, ainda perdida, naquela idade, naqueles tempos, daquela forma. Ela não sabia ao certo o que era, mas algo distinto ocorreu após todos os meios de comunicação terem sido desligados e o quarto ficar absolutamente escuro e silencioso.
Houve um sonho do qual mal se lembrava. Recordava que vários rostos apareciam, rostos que não conhecia. Como era possível sonhar com pessoas que não conhecia? Seria sua imaginação criando-lhe amigos? Poderia ligar para eles no próximo sábado? E onde estavam seus outros amigos? Absortos demais em suas novas vidas?
Entre um esporte e outro na TV, decidiu que iria ao cinema sozinha. Porque não há nada demais em fazer um passeio sozinha. Porque haveria outras pessoas fazendo o mesmo. Todas aquelas faces, ainda estranhas, que lhe apareceram em sonho, procuravam por outras, semelhantes, com vontade de conversar, amar, rir e chorar, sem se deixar absorver pelo mundo dos que vivem, por querer ou sem querer, para dizer "não".

Nota da autora 1 - Sim, o texto fala em fazer novas amizades - e fazer trocas. Se as antigas mudam demais e você começa a se sentir meio perdida e fora de lugar, não vejo porque não haver o afastamento. Amigos, acima de tudo, têm afinidades, algumas até inexplicáveis, ou complementares, mas existentes, sempre.
Nota da autora 2 - O "Eu Sei Que Você Lê" faz 2 anos em primeiro de janeiro próximo e eu queria fazer alguma coisa para comemorar. Aberta a sugestões!

3 comentários:

Cristina disse...

Realmente, é sempre bom mudar. :]

Eu tenho uma idéia: ofereça um churrasco para os seus leitores! Carninha, cervejinha e boa música.

Anônimo disse...

A minha idéia é sempre a mesma: beber, cair e levantar! \m/ HAHAHAHAHA

Alexandre disse...

Concordo com a Cris, assim a gente aproveita e experimenta a sua caipirinha. :P

p.s.: não tô nem aí, eu curto ir no cinema sozinho.

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