23 outubro 2007

A Consciência, esta chata.

Conhecem a Dona Consciência? É aquela senhorinha de cabelos brancos, andar curvado e bengala potente, sempre de prontidão para te dar umas cutucadas na cabeça. É ela que te dá aquele olhar de funcionário público - por cima do óculos, estes tão caídos no nariz como um pince-nez - e te censura pelas coisas feias que você faz.
Ela é a tal que provoca aquele mal-estar quando você joga lixo na rua. Você anda com o melecado papel de sorvete até a próxima lixeira, que geralmente está longe, só para não ouvir os berros irritados da velhinha.
Ela aparece quando você baixa alguma coisa da internet. Mesmo que você não seja um profissional da March 25th, que seja apenas para consumo pessoal, ela vai pôr o dedinho em riste no seu nariz, dizendo : "Isso não se faz, menino sem-vergonha!".
Esta senhora é tão desagradável que aparece até na hora do seu imposto de renda. Exato, aquele dinheiro que tem só um "V" - ele vai, mas não volta. Aquele que é praticamente uma doação para o bem estar da classe política e seus apadrinhados. Aquela cota que você apresenta para o seu sócio, o Governo, investir na grande empresa chamada Brasil. Ou Mônaco. Ou Ilhas Cayman. Você quer sonegar. Você MERECE sonegar. No entanto, cheia de justa moral, a Dona Consciência te tortura até que você admita que está é sendo bem sacana.
O chocolate com castanha entre as refeições. Aquele porre homérico. A palavra dura, dita a alguém querido, que não há como apagar, causando mágoas. Fingir que a ligação está ruim ao falar com o telemarketing e desligar. Não ir à academia porque está chovendo. Não ir porque está calor. As compras desnecessárias. O charme jogado para o seu amigo bonitão e comprometido.
A Dona Consciência nada mais é que uma versão de você mesmo, que nasceu há 10000 anos atrás, que já passou por milhões de experiências e bem sabe : ser certinho parece inútil, mas nenhum crime compensa, meu filho. Não tem nada deste mundo que ela não saiba demais.


Um comentário:

Alexandre disse...

eu até que tenho uma boa relação com minha consciência.. ou ela é um tipo descolado ou eu que sou muito quadrado. (rs)

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