Sábios, morte e chocolate

Uma das coisas que vem me enchendo mais a paciência ultimamente, além do mundo inteiro de uma forma geral, é a pretensão que algumas pessoas têm de achar que a idade traz sabedoria.

Com certeza, nossa visão de mundo se modifica com o tempo. Pensamos em algumas atitudes do passado e nos sentimos ridículos, não entendemos porque fizemos algo do jeito A, se o jeito B é infinitamente melhor. Hoje você sabe das benesses do jeito B. Mas antes era muito tonto para compreender.

Talvez eu esteja apenas iniciando uma teoria besta da qual vou me arrepender daqui a alguns anos. O que vem com o tempo não é sabedoria. São novos jeitos de fazer as mesmas coisas. Mais adequados com sua idade. Com as mudanças que se estabeleceram. Com as pessoas ao seu redor.

Agora, sabedoria... É bobagem. Esnobismo. "Eu sou melhor que era há 5, 10, 20 anos". Você é só mais velho. Parou de fazer umas besteiras e apostou sua vida em outras. Trocou os brinquedos, pode ter ganho algum dinheiro. A idade traz mau-humor (notou?), menos tolerância (jura?), quilos (nem me fale), cabelos brancos (enquanto puder arrancar, tudo bem) e um jeito todo especial de aproveitar a vida. Que remédio, né? (Sim, estes também começam a aparecer...).

Se decidiram embonitar estas coisas chamando de sabedoria, ótimo. Toda vez que eu fizer uma m... farei questão de ressaltar que foi apenas uma reação "madura" de minha parte. Boa, boa.

Sábios? Achar-se sábio por saber lidar com tal coisa, por ouvir tal música, por sentir tal emoção? Sábios. Aqueles que vão morrer sem levar nada deste mundo. Não está valendo muito a pena, gente. Vai ler um livro, vai.

"Eis um pequeno fato : você vai morrer".

(Prólogo do livro "A Menina Que Roubava Livros", que se tornará o meu favorito até eu acabá-lo).