Show do Paul McCartney (ou: O texto que eu sempre quis escrever)

Prefácio

Quando comecei a pensar sobre o que escrever neste texto, queria fazer algo tentando explicar porque gosto de música, dos Beatles e porque este show me proporcionou tanta alegria. Em seguida, me questionei porque forjaria um texto nessa linha, explicando porque gosto das coisas A ou B.

É uma sensação recorrente, não sei qual a razão, mas de vez em quando, meio que me sinto na obrigação de explicar porque sou feliz da forma que sou. (É, eu sei, estranho).

Finalmente percebi, durante meu raciocínio, que não faria sentido escrever um texto citando razões para gostar de Paul McCartney. Seria muito mais divertido fazer uma rasgação de seda, beatlemaníaca, musicomaníaca, um relato de uma fã histérica e alucinada – histérica e alucinada, claro, do meu jeito.

Vamos ao ponto, então.

Texto

Mas quando que na minha vida eu poderia imaginar que ia ver um show de um beatle? Quer dizer, imaginar a gente pode, é de graça, mas quando eu ia realmente acreditar nessa possibilidade, com convicção?

Como explicar a sensação de você ver Macca indo para o piano cantar “Hey Jude” e você participando do “na na na na na” mais emocionante da sua vida?

De que forma poderei agradecer de forma justa a Deus por eu ter dinheiro, tempo e saúde para realizar este sonho? Como agradecer por ainda ter sonhos que se concretizam, muito tempo depois da infância?

Sim, porque sonho é coisa de criança, não?

Como é ser adulto e continuar sonhando? Como manter ilusões diante de uma vida que nos toma tanto tempo para coisas sem sentido, nos cobra decisões, nos apressa, nos enche de culpa quando erramos?

Como fazer para sonhar e, ao mesmo tempo, ser eficiente no trabalho, feliz no amor, bom pai ou mãe, filho carinhoso, irmão companheiro, cidadão correto? Ser magro, saudável, paciente, ter sorriso impecável, boas maneiras, o tempo todo?

Será que é permitido esquecer da vida por 3 horas e se sentir flutuando entre as nuvens, como nos sonhos noturnos em que podemos até voar?

Se é permitido, não sei. Mas eu fiz.

Isso é ver Paul McCartney ao vivo, gente. Sonho puro. E realizado.

We love you, yeah yeah yeah.