Quando entrei na Federal, dentre as várias brincadeiras e trotes que nos deram, um deles era bem bobo, porém engraçado (pra quem tinha 15 anos, eu diria hilário). Colocavam o bixo encostado na lousa e falavam para ele “desgruda”. O coitado saia de perto da lousa e imediatamente os veteranos gritavam em coro “nãaaaaaaaaaaaaaaao", tá errado, seu burro!!”. Um bom tempo depois, o inocente calouro descobria (ou era avisado) que ele deveria DIZER a palavra “gruda”. “Diz gruda”. Sacou? E ainda havia a versão evoluída, com a pessoa em cima da mesa do professor e a galera pedindo “despenca”, ou melhor, “Diz penca”. Penca.
Infelizmente, podemos transportar esse exemplo para o nosso dia-a-dia, acabando com a teoria de que tudo que aprendemos na escola é inútil. Quantas vezes, não importa quantas você repita, nada do que você diz é compreendido direito?
No caso do “gruda”, claro, há uma pegadinha. O emissor da mensagem tem o propósito de confundir o receptor, que cai na interpretação mais óbvia da frase – já que o pobre foi grudado na lousa, a lógica era desgrudar mesmo.
No entanto, há vezes em que pensamos que estamos falando algo de forma límpida, como a água deveria ser. “Não tem como ser mais direto”, alguns lamentam. E não é assim. Emissor, a culpa é sempre sua. Se a comunicação não deu certo, falta algo do seu lado. E outros, claro, sempre tentam tornar o que você fala meio turvo, para o seu benefício pessoal. Um surdinho de ocasião.
Ao destinatário da mensagem, o que resta? 1) Permitir à sua mente a exploração de todas as possibilidades, mesmo sem sentido e 2) Perguntar. “É isso mesmo?”. “Você quis dizer isso?”. “Ouvi direito?”. Corre-se o risco de fazer papel de bobo? Sempre, quando não corremos? Mas é melhor que passar horas grudado na lousa ou despencando da mesa.
Desgrudaaa!
3 comentários:
Aline,
Não sei se você vai lembrar de mim, Ana Carolina da Praia Grande, estudamos juntas na Federal... Ri muito com seu post... Lembrei de tempos muito bons. Sempre te leio aqui... É uma forma de matar a saudade indiretamente. Você escreve muito bem, alias já escrevia. Lembra das nossas cartas nas férias? O e-mail passava longe... Ai ai, quanta nostalgia!!! Beijos, felicidades
Oi Ana, claaaaro que lembro de você! Hoje é bem mais fácil manter contato, ainda bem!
Poxa, nem lembro a última vez que escrevi uma carta, a tecnologia inventou um novo jeito de escrever hehe... Coitada da minha letra!
Fico muito feliz que passe por aqui, venha sempre! Bjss
Às vezes um "oi" ou "repete" funciona como meio termo entre as duas opções. Porque né, eu já estarei interpretando tudo direto e reto antes de sequer pensar em perguntar qual era exatamente a mensagem :P
Adorei o texto! Beijo!
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