16 março 2010

Geração Y, ou “eu tenho vida fora daqui”

“Além de querer desfrutar de status, e ter bons salários, membros da Geração Y também querem empregos que possibilitem muitas horas de lazer, muitos feriados e também ritmo de trabalho moderado. E não gostam de fazer hora extra.”

Achei interessante esta matéria do Terra, sobre uma pesquisa feita com a chamada geração Y (nascidos na década de 80) e suas impressões sobre o trabalho. A conclusão que pode ser tirada da pesquisa é que o pessoal desta geração quer ganhar dinheiro sem esforço e não quer saber muito de obrigações profissionais.

Nascida em 1982, peço a palavra para defender minha geração, usando principalmente o “mundinho dos escritórios” como parâmetro, que é o que conheço.

A turma que nos antecedeu foi tão acostumada com o “trabalho duro” - que em outras palavras quer dizer: pôr a empresa como prioridade total, relegando a segundo posto sua vida pessoal, família, diversão e outros prazeres - que agora que aparecem esses fedelhos falando em trabalhar racionalmente, sem sacrificar sua vida fora da empresa, a geração anterior passa a taxá-los de “folgados”, “preguiçosos” ou “divas”.

Não haveria nenhuma necessidade de sobrecarregar as pessoas com jornadas de trabalho massacrantes se a prioridade fosse distribuir funções para a quantidade de gente que há disponível para tal. Eu não me conformo que, em um mundo com tantas facilidades proporcionadas pela tecnologia, ainda tenhamos que gastar 12, 14 horas fora de casa, perdendo o evento esportivo favorito, o sorriso do filho ao descobrir coisas novas, a reforma da casa, a convivência com os amigos, enfim, a vida passando. Ficamos trancados como filhotes em lojas de animais de estimação, esperando por um dono que nos dê liberdade (emprego dos sonhos? Bilhete da mega-sena?). E ainda que não haja paredes físicas, há o controle sobre nossos horários. Portanto, não somos divas. Apenas não somos idiotas.

A divisão de quem é ou não é geração Y é feita pela idade, mas nem sempre funciona assim. Há um monte de gente da minha idade que ainda acha que o saco do chefe é o corrimão do sucesso, e não hesita em perder horas da vida para fazer a função de dois, três, “n” empregados (que a empresa espertamente economiza na hora de contratar). Por outro lado, há diversas pessoas mais velhas que sabem muito bem a hora de dizer “vou embora, tenho vida fora daqui”. Ou aprenderam na marra. Quer um exemplo? Os milhares de funcionários com mais de 20 anos de serviços prestados que foram mandados embora durante a crise, em inúmeras organizações pelo mundo. Alguém perguntou para eles os sacrifícios que haviam feito por aquela empresa? Que nada. São apenas um número de registro funcional. Ou melhor, foram.

A geração Y só quer saber do dinheiro. E as empresas, idem. Ótimo, parece que começamos a nos entender. Nós vamos receber o dinheiro das empresas, cada vez menos para fazer cada vez mais, só até às 17:00h. Depois disso, não vai haver ninguém lá para adiantar o serviço de amanhã. Claro, não me refiro a situações de emergência, que exigem um esforço adicional do funcionário fora do horário normal. Falo da exploração continuada. É errada, deve ser extinta. Não é porque sempre foi assim que devemos nos acostumar.

Meu querido X, ou V, ou, U, eu sinto muito se você cometeu a idiotice de perder momentos preciosos de sua vida com amigos, família, deixou de fazer as coisas que gostaria e se sente frustrado hoje, por causa do trabalho. Foi ingenuidade sua. Creio que muitos filhos “Y” aprenderam essa lição da forma mais dura, com seus pais “X” ausentes. Foi esse o seu caso? Sinto mais ainda.

E por fim, deixo claro que não aceito ser chamada de “diva” só porque não quero ser mecanismo de maximização de lucros, como mão-de-obra explorada.

Pra citar uma frase que ouvi muito na semana passada: “arrume algo para fazer que você goste muito e nunca mais terá que trabalhar”. Eu diria mais: arrume algo que te faça sorrir, em que você se sinta útil para o mundo e que complemente a sua vida, não que a destrua ou a anule. Mas se estiver difícil de conseguir, bem… vá ganhando seu dinheiro.

WorkMonday

Work is a four-letter word.

3 comentários:

David sampaio disse...

Falou e disse! Mas senti algumas revoltas pessoais no seu texto! Rsrsrs

Cristina disse...

Gostei do texto e concordo c/ você.
Só uma coisa: eu nasci em 77, posso me enquadrar na geração Y tbém? rs

Queila disse...

Amei. Vou encaminhar para os meus amigos queridos, para eles refletirem também.

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