28 abril 2009

Onde você estava?

Sempre que vou começar uma história aqui no blog, fico me perguntando se já não a publiquei. Como tenho outras preocupações na vida – bem mais sérias e chatas – acho melhor desencanar de vez… A deterioração da memória é inevitável, o sofrimento é opcional.
O que me lembro é que em algum 1º de maio contei um história no estilo “onde você estava quando…”, sobre a morte do Senna.
Daí que hoje conversávamos indiretamente sobre argentinos e eu lembrei do onde, quando e como eu estava na Copa do Mundo de 1990, a primeira de que tenho alguma recordação.
*
Abre parêntese.
O que seria “conversar indiretamente”?
O papo era sobre… jogadores de futebol bonitos. Alguém lembrou do Lugano. Uma delas conta o que falava para o marido, durante os jogos do São Paulo :
- Olha, o Lugano é o único argentino de quem eu gosto!
- Mas ele não é argentino, é uruguaio.
- Ah, então é por isso!
Fecha parêntese.
*
O fato é que mal me lembro do jogo em si, oitavas-de-final da Copa da Itália, em 90. Antes, a Argentina havia perdido para Camarões, ficou em segundo no grupo e cruzou com um cabeça-de-chave logo cedo. Alguma coisa assim, depois confiro no Google.
Eu sei que teve um gol do Caniggia e o Brasil perdeu. Logo após o final do jogo, minha mãe, nem aí para futebol, resolveu ir na padaria e eu fui junto.
Ainda lembro com perfeição do silêncio das ruas. Lembro de algumas cenas. A rua quase deserta, o desânimo da meia dúzia de pessoas que passavam por nós. O desconsolo dos que estavam na padaria, dos clientes, do caixa, de quem pôs os pães no saquinho de papel. Parecia que tinha morrido alguém que era parente querido de todo mundo. Um velório gigante.
Na volta da padoca, ainda encontramos vizinhos que lamentavam no portão de casa. Minha mãe, desconhecedora de futebol e cristã, tenta consolá-los dizendo que “foi a vontade de Deus”. “Nenhuma folha cai de uma árvore se não for pela vontade de Deus”. Mas, ao que me consta, Deus era brasileiro, não? No, no.
Bem, o que importa é que 4 anos depois eu acompanhei verdadeiramente uma Copa do Mundo, desenhei as bandeiras dos países com giz de cera, vi a final de mãos dadas com um monte de gente e berrei “É teeeeeetra, é teeeeeeeeetra” com Galvão Bueno, Arnaldo César Coelho e Pelé. Alma futebolísitica devidamente lavada.
Hoje em dia nem acompanho com muito ânimo a Seleção Canarinho, nem tenho time de coração, apenas gosto do futebol como esporte, assim como gosto e acompanho vários outros. Está bom assim. Se dependesse da minha primeira lembrança de Copa do Mundo, eu deveria odiar futebol.
*
Antes de hoje, outra coisa havia me lembrado a Copa de 90 : o filme “Adeus, Lênin!”, que se passa na Alemanha ainda Oriental, bem na época em que o muro caiu, pouco antes da Copa do Mundo. Recomendo.
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AlfajoresTriples
Procurei por “Argentina” nos posts anteriores. Além de achar quase todos os posts da Lady (taí um esporte em que eles estão anos-luz à nossa frente, o tênis…), encontrei os meus posts sobre as Olimpíadas da China. Foi uma das melhores coisas que já fiz, com vontade, empenho, empolgação e tudo o mais que o esporte e a escrita de textos despertam em mim. Quem quiser relembrar, está aqui.

3 comentários:

Alexandre disse...

Opa, alfajor. :P

Eu lembro vagamente, basicamente do trauma. Lembro tb de ver o Maradona disparar e pensar: putz, ferrou. Foi batata. Gol do fdp do Caniggia.

O Caniggia daria um bom camisa centro-avante do Corinthians, encaixa bem no espírito da claque, mas depois daquele gol ele nunca deve ter sonhado pisar no Brasil sem ser a serviço via seleção portenha.

Semiramis disse...

Eu lembro que nessa Copa eu tinha todas as bandeiras dos países que participaram, e conforme eles saíam, eu jogava a bandeira fora... era a minha tabela... joguei fora a bandeira do Brasil com dor no coração...

Cristina disse...

Não me lembro dessa copa, não... Lembro mais da olimpíada de 92 (teve olimpíada em 92? rs), qdo tava um frio do caramba e eu via os jogos embaixo do cobertor, delícia rs.

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