25 janeiro 2009

O enviado

Sem muitas firulas, vou contar a história.
Tive que ir a SP retirar pessoalmente os ingressos para o show da Alanis, no dia 3 (já esgotados, diga-se). Eu e minha guia Lady fomos mais uma vez desbravar a cidade grande.
A jornada começou com algumas frustrações : o ônibus indicado pelo site da SPTrans não existia - ou não foi encontrado por nós, e em SP não existe essa de "pega esse outro ônibus que também serve", eu só faço isso em Santos. Já na tentativa de ir via trem, demos com a cara na porta na tal Ponte ORCA, que só funciona de segunda à sexta. Isso deve ser óbvio para que mora na cidade, mas para mim, não faz sentido algo em SP funcionar só de segunda à sexta. Aliás, faz pouco tempo eu nem sabia que ORCA era um acrônimo. Mas, pensando bem, que sentido faria uma interligação entre linhas de metrô e trem ter o nome de orca, a baleia? Enfim...
Voltamos a um território conhecido por ambas na cidade : salve a Paulista! Paramos para almoçar na Bella Paulista, mandando para dentro uma refeição monstruosa, tanto no sabor como no tamanho. Dieta, só na segunda.
Após comer como rainhas, para chegar ao Via Funchal, apelamos para o táxi mesmo. Seria caro, mas necessário.
A cidade estava tranquilíssima e chegamos rápido à Rua Funchal. Pedi para o taxista esperar para voltar com ele mesmo para a Paulista, ver se dava tempo de aproveitar algo na região, já que estávamos ali mesmo...
Na ida, o taxista foi quieto enquanto Lady e eu batíamos papo furado. Porém, na volta, ele decidiu pôr as asinhas faladeiras de fora - e foi ótimo! Primeiro, passou em frente ao local onde a Cicarelli mora, comentou dos famosos que já havia levado de lá para cá. Depois, quis saber em que show nós iríamos, e daí em diante, teceu um empolgante e sincero discurso sobre um dos temas que mais me faz refletir : aproveite a vida, faça o que gosta, passeie, viaje, atenda aos seus prazeres e vontades, pois tudo vai passar rápido. Ele mesmo contou que foi a dois shows dos Rolling Stones, coisa que jamais sonhara que pudesse acontecer, e que se aventurou num cruzeiro pelo Caribe, apertando-se para juntar dinheiro e realizar o sonho. E segundo ele, valeu muitíssimo a pena.
Ele ainda citou a filha e mostrou a foto do netinho, um bebezinho super fofo. No entanto, completou dizendo que, antes daquela coisinha linda nascer, a filha dele era como nós. Agora, não tinha tempo mais para essas coisas, nem para nada mais.
Agradecemos o maravilhoso papo e eu peguei o cartão dele para ter a certeza que poderei encontrá-lo no futuro e, quem sabe, contar mais uma ou outra aventura que vivi.
Às vésperas dos 27 anos, diariamente uma sombra, um diabinho ou seja lá o que for, vem me assombrar, questionando-me, porque ainda não tomei um "rumo na vida". O rumo que todo mundo toma, claro : formar família e sair do casa da mamãe (a casa é minha, na verdade, eu comprei), tornar-se menos "aventureira" e mais "adulta".
O diabinho tem bons argumentos. O ar que se respira ao meu redor só traz esses exemplos de pessoas adultas formadas. Os assuntos são cada vez mais apenas referentes a este mundo. Já passou pela minha cabeça mudar até o círculo de amizades, não porque eu não queira entrar nesse time de adultos um dia, mas porque esse negócio de pressão e imposição não é pra mim. Quem lê o blog sabe que eu já tratei deste assunto várias e várias vezes, e vocês podem ter certeza, ele aparece no meu dia-a-dia pelo menos umas 10 vezes mais do que eu transmito aqui.
E o que isso tem a ver com o papo do taxista? Tudo. É tudo que eu precisava ouvir. Não é que eu quisesse ouvir que eu estou fazendo a escolha certa e todo o resto da humanidade está errado. Eu só queria ouvir que existem outras caminhos, talvez para se chegar ao mesmo fim, talvez não, quem sabe, mas ser feliz neste caminho é fundamental. A filha dele, agora mãe, teve a sua vida virada do avesso por conta do bebê, mas também viveu e ganhou muitas outras coisas que só ela sabe. Eu estou certa, ela está certa, o taxista está certo, os "adultos" ao meu redor também estão. A busca pela felicidade junta as pessoas, mas acima de tudo, é uma jornada individual. Não há um ponto final na vida, em que vamos bater no peito, respirar fundo e dizer : "pronto, agora eu sou feliz". Cada vez mais eu acredito que a felicidade está diluída em todo tempo que nós estamos passando por aqui. Algumas vezes ela escoa por ralos, mas também pode transbordar. Eu já tenho boas histórias destas para contar, graças a Deus e mim mesma. E procuro por muitas outras.
Após esse momento de reflexão de táxi, Lady e eu retormamos o ânimo perdido e passamos no cine HSBC Belas Artes para ver "O Curioso Caso de Benjamim Button". O filme é excelente, mas não entendi todo esse ardor pela atuação de Brad Pitt (sim, ele é lindo, mas...). Para mim, a estrela é a sempre competente Cate Blanchett. E para coroar um dia surpreendente, atacamos um dos frozen yogurt do America. Eu escolhi o "Bem-Casado", afinal, que chance eu tenho de comer um bem-casado sem ser em um casamento? A Lady, sempre chique, foi de "Baileys".



Vamos encerrar assim : eu comi coisas deliciosas, vi um ótimo filme, passei um dia divertido e inusitado com minha irmãzinha francesa e postiça, peguei meus ingressos para mais um dos shows da minha vida. Descobri que eu estou certa - e eu gosto disso. Como a calda de chocolate quente final do frozen do dia, escutei o novo CD da Alanis e gostei bastante, e ao acordar, descobri que um dos ídolos deste blog, Roger Federer, ganhou sua partida no Australian Open por 3 sets a 2, de virada e com muita autoridade.
Um fim de semana para se lembrar.
P.S.: ORCA = Operadores Regionais Complementares Autônomos.

4 comentários:

ART disse...

adorei suas aventuras paulistanas.
e eu adoro a Bella Paulisa.
bom show!

ART disse...

ps: o que, afinal, significa ORCA?

Anônimo disse...

As rotas erradas nos levaram para a pessoa certa, na hora certa...Salve 'Seu' ou 'São' Benedito! hehehehehehe

Cristina disse...

Táxi às vezes pode ser terapia, né? ainda bem que vcs deram sorte.
Não conheço essa padaria (ainda) nem esse lugar que vende o frozen yogurt; vou procurar na minha próxima visita a SP.
E eu achava que orca era orca mesmo, a baleia. Sei lá porque achava isso, já que não faz sentido. Só que esse nome de onde surgiu a sigla tbém não faz nenhum sentido, é muito tucanês rs.

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